Paisagens Caminhantes é um livro-oferenda, paisagem vívida conjurada por um percurso caminhante. Como tal, é possível formulá-lo enquanto aprendizado, um caminhar tramado como performance e método para o cultivo/respiro das ruas em sua escassez imposta, tomado como gesto daninho frente a presença inevitável na cidade, a cidade grande, a cidade em que nascera e crescera, uma Fortaleza retentora de assombros e hostilidades. O caminhar é descoberto e redescoberto, a caminhada o torna caminhante. O caminhante em seu caminho se transforma em tanto quanto é capaz, se lança na Fortaleza arisca, arrisca, coleta-escreve, faz do ato performance a própria mistura, entrecruza gestos e lugares; faz brotar de presenças miúdas os espaços inesperados. O caminhante é jardineiro e poeta, bebe com a boca dos pés os corpos d´água da rua que a seca não secou, faz o corpo a corpo, paisagem sonho, habita trânsitos impossíveis. É um livro descalço, por começo, que aponta para um caminho de vida, um processo caminhante em tornar-se a si mesmo tornado partilha, um convite aos pés, ao caminhar.