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Acontecências

Acontecências

Sinopse

O que leva uma pessoa a escrever um livro? Onde se inspira? Como vai tecendo a sua trama? Há diferentes razões. Algumas pessoas relatam fatos e acontecimentos de suas vidas. Se for um texto em prosa, narra-se a estória de diversas formas, por vezes linear, por vezes, com referências e reminiscências de situações passadas ou presentes. Outras vezes, impressões, ou mesmo texto ficcional, onde a criatividade flui de mansinho, mas intermitente ou igual à água que transborda de um rio. De forma avassaladora. Se for poesia, pode ser a captação de um instante único. Por vezes uma situação cotidiana, ou o voar de um pássaro, um sonho intermitente, um simples fato, como o cair de uma folha, ou de uma pedra. Ou mesmo uma angústia, o falar de uma experiência vivida, uma emoção nova, um arrebatamento, um encontro com um espírito, ou mesmo um Deus, aquele que a pessoa acredita! E o que eu então, pretendi com esse livro de poesias, que intitulei de Acontecências, permeado de pequenos textos? Eu pretendi tudo. Contar coisas que aconteceram, coisas que acontecem, criar coisas que nunca aconteceram, falar de meus medos, minhas angústias, falar da dor de alguém. Por isso resolvi chamá-lo de Acontecências. Como faço parte do que se intitula hoje de "minorias", pois sou imigrante, no meu próprio país, e como homossexual, também falo de encontros, de começos, de preconceitos, de aventuras e desventuras sexuais vividas por mim, contada por outros ou imaginadas por muitos que tive o privilégio de ouvir. Não pretendo ser um porta-voz de nenhuma dessas minorias, que orgulhosamente e às vezes, por que não dizer, dolorosamente faço parte. Só pretendo fixar meus quatro cantos, reafirmar minha condição, redimensionar minha existência. Ou simplesmente dar um passo para que qualquer armário que ainda estiver me limitando se quebre e eu possa dar o pontapé inicial para que a minha vida seja um libelo transformador para mim e para qualquer outro que passar os olhos pelos poemas e pequenos textos desse livro. Pois então, que seja. E se tiver que ser, que seja como a dialética de Heráclito. Ao passar em um rio, após tal passagem nem você e nem o rio serão os mesmos. A pretensão aqui seria então: Ao escrever este livro eu deixei de ser o eu anterior. E quem o estiver lendo que também não seja mais o mesmo. Pois não há nada mais dialético na vida do que o sentimento do "devir" que pode vir através de qualquer experiência inerentemente humana. Até mesmo, através de um livro. Carpe Diem.