Quando Brittany Kaiser entrou na Cambridge Analytica, ela era uma jovem profissionalespecializada em relações internacionais que procurava um emprego. Veterana da campanha de 2008 de Barack Obama, Kaiser considerava que o uso de dados obtidos através da internet tinha um futuro brilhante, sobretudo para propósitos humanitários, como prevenir genocídios, transgressões aos direitos humanos e outros abusos de poder. A experiência que teve na Cambridge Analytica, porém, abriu seus olhos para os riscos que essa indústria à margem da lei representa para a privacidade e para a democracia. Manipulados é o relato de uma testemunha ocular sobre a perturbadora história de ascensão e queda da Cambridge Analytica e de seu líder, Alexander Nix. Kaiser revela ao público como a política intencionalmente relaxada do Facebook e a falta de leis que regulamentem a coleta de Big Data permitiu que essas empresas conhecessem a fundo a população, separando pessoas em grupos estatísticos para que pudessem manipulá-las mais facilmente. Através de fake news, mensagens com conteúdo racista e forte difamação dos adversários políticos, a Cambridge Analytica possibilitou acontecimentos imprevisíveis: o retorno do fascismo e da extrema direita, a vitória o Brexit e a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Foi após esse fato que Kaiser, uma democrata convicta, se deu conta da terrível verdade sobre como ela mesma e a empresa em que trabalhava ajudaram Trump a chegar ao poder. Assim, arriscando sua carreira, seus relacionamentos e sua segurança pessoal, ela denunciou às autoridades as práticas antiéticas dessa indústria, chegando a testemunhar perante o parlamento britânico sobre o Brexit e auxiliando Robert Mueller na investigação sobre a interferência russa nas eleições americanas de 2016. Com histórias jamais reveladas ao público, Manipulados narra reuniões secretas com a equipe de campanha de Trump e dá detalhes sobre as promessas que a Cambridge Analytica fez para garantir a vitória nas eleições de 2016. Além disso, Kaiser defende que uma regulamentação urgente é necessária, argumentando que a fiscalização legal da indústria não é apenas justificável, mas essencial para garantir a democracia. Afinal, as consequências persistem e, se nada for feito, as eleições de 2020 podem ser facilmente comprometidas.